Sinestesia

Tem gente que escolhe palavra como se estivesse fazendo aquela brincadeira de tirar objetos misteriosos de uma caixa escura. Enfia a mão com apreensão e tira de lá uma coisa que não saberá o que é até que a luz denuncie. Eu não.
Eu gosto de aproveitar os cinco ou seis sentidos de cada palavra. Saborear cada sílaba como quem morde uma maçã, e deixar escorrer pelos lábios o sumo ao mesmo tempo doce e azedo da voz. Eu gosto de pegar nas palavras, de sentir a textura da nuvem ou da pedra-sabão. Eu gosto de vestir as palavras. Eu quero caber nas palavras como numa calça de lycra. Ou será que são as palavras que devem caber em mim?

Eu escolho cada palavra como tomates no sacolão. Nunca as pronuncio se estiverem verdes.
Apalpo bem cada palavra. Vejo se vou usar os tomates mais macios ou mais rígidos, de acordo com a minha receita. Costumo preferir os mais vermelhos: eles são mais quentes, têm mais sabor.
Se crus ou cozidos eu não sei; Talvez eu tenha que usá-lo sem pele e sem sementes, até mesmo para não estragar o jantar.

Eu cheiro cada palavra como quem escolhe um perfume para dar de presente.
Não vou levar florais para quem é cítrico. Abro cada frasco e aspiro não as notas de saída ou de fundo: aspiro as de coração.

Experimento cada palavra como quem come jiló pela primeira vez. Pego um pedaço pequenininho e encosto a língua fazendo cara de nojo. Mas até que o gosto pode ser surpreendentemente bom.
Eu vomito palavras que não consigo engolir.

Eu vejo a beleza de cada palavra. Palavra gorda, palavra magra, palavra simpática, antipática, palavra com olhos grandes ou com boca pequena. Palavra não-verbal. Não dizem que uma imagem vale mais que mil palavras?

Eu quero ouvir palavras de mel, não de abacaxi.
Sussurre uma palavra doce no ouvido de alguém.

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Sinonímia

Há quem diga que alegria e felicidade são sinônimos. Bobo de quem pensa isso. A relação de sinonímia tem muito mais a ver com o sentido que cada palavra adquire com o tempo do que com o que está ou não está escrito na gramática.

Existe sim uma grande diferença entre alegre e feliz. A começar pelo verbo que as acompanha: estar alegre, ser feliz. Não é à tôa que os noivos, ao se casarem, prometem amor e respeito na alegria e na tristeza. Porque não há realmente quem tenha sido infeliz pela vida toda.



Alegria é momentânea. Vem e vai de acordo com os passos que a gente dá. Se pisarmos num chão escorregadio, há uma grande chance de, em algum momento, desequilibrarmos-nos e cairmos bem de bunda no chão da tristeza. Ainda bem que nenhum piso é tão encerado que não nos deixe levantar.


Felicidade não... Felicidade é bem durável e fonte renovável. Já parcebeu que, mesmo na iminência de cairmos num buraco tão fundo quanto o de Alice, ainda podemos encontrar nem uma faísca que seja de algo realmente bom? É aí que está a diferença.



Amor não é sinônimo de felicidade. É sinônimo de alegria. Quando um sábio amigo me disse que era importante que eu encontrasse a felicidade sozinha para só então compartilhá-la com alguém, não duvidei dele. Não colocar a felicidade no lugar da alegria é o primeiro passo para ser realmente feliz. Saber-se feliz mesmo nas adversidades é o que realmente faz a diferença entre "fazer cada minuto valer a pena" e "transformar a sua vida num monumento de culto a qualquer coisa ruim que tenha acontecido na sua vida".




Hoje eu sei que estar triste, pode sim, ser sinônimo de ser feliz.

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(Teo)rema

Hoje acordei cedinho e decidi conversar com Deus.
Ainda sonolenta, pedi a ele que, por favor, me mostrasse o caminho certo
mas escutei a resposta na própria voz de Deus-mim:
"Os caminhos são muitos, mas não importa qual deles você vai seguir
o lugar para onde você está indo é um só."
E assim descobri que destino existe.

Om namah shivaya.




P.s.:Todos os caminhos levam a Roma.

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A minha "redassão" do ENEM

Há várias semanas venho anotando pérolas de alunos, e resolvi montar um texto, reunindo cada um deles. É claro que não vou revelar quem foi o "inguinorante" que escreveu essas besteiras, mas isso não é algo que possa passar em branco.


"O consumismo é intrícico ao brasileiro". (Quer escrever bonito?? OLHA NO DICIONÁRIO ENTÃO, #%&)!


"O ato de viver é algo que não para nunca. Por isso, estamos sempre nesse ciclo intermitente. (Outro caso de quem quer escrever bonito e se f***).


"O Brasil é composto por todas as raças, várias etnias e diversos sexos." (O que mais me impressiona nessa frase genial é a facilidade com que a pessoa conseguiu escrever tanta m**** com tão poucas letras).

"A população acaba comprando produtos supérfogos." (Não entendi).


" A droga causa vícil". (É, esse vício causado pela droga é tão devastador que nem a palavra pode ser escrita corretamente).


"Os preconceituosos, para aprender, têm que sofrer preconceito." (Chuta os direitos humanos pra pqp).


" Os professores têm que obedecer o aluno e dar nota máxima para ele, mesmo que ele não tenha nem chegado na média." (Ops, acho que ele esqueceu que quem corrige o texto dele é um PROFESSOR).


Eu sofro né.... Como diz a Cleycianne, ÊTA DEUS!

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Retratação


Ontem reli todo o meu blog. Gosto de fazer isso quando não tenho ideia para escrever algo novo. Fiquei triste ao perceber que a maior parte dos textos foi movida por sentimentos momentâneos, e que de certa forma ficaram eternizados quando os escrevi aqui. Não estou dizendo que vou apagar os textos, pois não me arrependi de tê-los escrito. Gostaria apenas de me retratar, uma vez que frequentemente tenho escrito sem pensar.

Já dizia Shakespeare que "quando estamos com raiva, temos o direito de estar com raiva, mas isso não nos dá o direito de ser cruel". E talvez eu tenha sido.

Vocês não têm noção do quanto me incomoda tomar café ao lado de Pluft, o fantasminha. É tão desagradável ter que fingir que a pessoa que divide a mesa com você não está ali... Isso me magoa, mas não há nada que eu possa fazer. Escrever no blog não é algo que vá mudar o que ele sente em relação a mim. Talvez ele tenha se excedido, talvez eu. Eu não me importaria em cumprimentá-lo, mas vou respeitar (dessa vez de verdade) a vontade dele.
Além disso, uma outra mágoa antiga me fez escrever escrever textos que afirmavam coisas das quais eu não tinha certeza quanto à veracidade. Chamar alguém de hedonista, de egoísta, de hipócrita é simplesmente dar um tiro no escuro. Eu nunca poderia afirmar com certeza o que uma pessoa é em sua essência, e agora que tudo está calmo eu percebo isso. Talvez a hipócrita aqui seja eu. Ninguém tem que dar preferência à felicidade do outro quando tem a sua para satisfazer, não é mesmo? Eu mesma estou fazendo isso agora.
Acho que está na hora de transformar uma coisa que foi bonita em outra coisa igualmente bonita. Vai dizer que lembrança não é algo bom?! Tá certo... Já chorei por memórias que hoje me fazem rir e pensar: "Como foi um dia gostoso, aquele"... No entanto, não tenho vontade de que esse dia volte, e tampouco me arrependo de qualquer coisa que tenha feito.
Sentir culpa é colocar-se numa prisão perpétua. Como diz a Dani, uma aluna-amiga minha, "deixa isso dar uma passeada lá fora do seu coração"... Talvez tudo isso tenha sido motivado por não ter sido bem esclarecido, mas de que adiantaria agora? Não faz sentido remexer nas feridas de ninguém. Às vezes tenho vontade de ser perdoada pelas coisas que fiz ao longo da minha vida. Mas aprendi que se isso não é possível, eu tenho que perdoar a mim mesma. Isso consegue ser ainda mais difícil, mas sou humana. E aceitar meus erros e perdoá-los é a forma mais simples de abrir a cabeça para coisas novas.

Uma vez alguém me disse para escrever sobre coisas que me deixassem felizes. E é isso o que eu preciso fazer.
Bem-vindos ao novo Diva não Chora, escrito por uma diva que não só chora, como ri, escreve, lê, dorme, come, se diverte e às vezes, como qualquer um, erra. Sei que isso não era necessário, mas me sinto melhor assim.
P.s.: Depois de bater o recorde de dias sem chorar (desde 16 de janeiro, eu acho) eu chorei ontem! Mas nada demais, choro rápido (senão ia desperdiçar minha base super cara da Mary Kay).

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Praticando a ociosidade

Enquanto ela me cabe, né.... Semana que vem eu volto ao ritmo puxado de faculdade + 2 empregos...


O post de hoje é tanto para mostrar meus dotes artísticos quanto para homenagear o Rodrigo...


Espero que vocês gostem! =)

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O que é que tem nas entrelinhas


Quiçá, pelo menos, Deus me entende: Às vezes sou meio moça; às vezes metade gente.



Minha alma é assim: meio criança, meio adulta. Na certa, tive algum problema de nascença. Não é que eu tenha corpo de menina e alma de mulher, muito menos o contrário. Tenho é pressa mesmo.


Comecei a ler aos quatro anos, enquanto meus coleguinhas só leram aos seis. Lembro-me bem de ter que ficar imitando-os, lendo a uma velocidade de lesma. Tinha vontade mesmo era de ler como se estivesse falando com alguém. E não parei por aí. Aos 10 anos, fiquei menstruada pela primeira vez e decidi que já era grande demais para brincar de bonecas. Comecei a dar aulas particulares aos dezesseis e agora, aos dezenove, já estou engatando minha terceira contratação formal.


Minha mãe diz que eu sou “precoce”. Prefiro, porém, “ansiosa”. Minha avó diz que sou mandona. De acordo com ela, meu segundo dedo do meu pé é maior que o dedão. E não é mentira: se não consigo controlar a minha vida e a dos que me cercam, perco a cabeça. Tenho mania de mandar até no tempo. Não sei porquê, mas tenho a impressão de que meu futuro vai ser bem melhor que o presente. Tento, então, alcançá-lo. Tenho pressa de ser feliz. O que não parei para pensar até agora é que eu estou feliz. E agora não é o futuro.



Às vezes eu tento assumir a postura de uma adulta, mas só tenho dezenove anos. Acho que tenho sido muito dura comigo mesma: Não consigo ser adulta o tempo todo.



É bom olhar no espelho e medir a cintura com as mãos, certificando-me de que "ainda está tudo certo por aqui".


Não adianta querer ser Líliam e ter corpo de Carol, mente de Alfredo e humor de Khaled. Acho que eu devo colocar na minha cabeça que ter a minha idade não é nenhuma vergonha. E que ainda vou sentir saudade de poder agir como adolescente. Aliás, ultimamente tenho agido como uma. Já me acostumei tanto à carapaça de “mulher de negócios” que me sinto ridícula fazendo isso. Mas não é isso mesmo o que eu sou? Então deixa fazer piadinha idiota, falar o que não deve, lançar mão de Love games... Vou continuar pintando as unhas com as cores "da moda" e trocar o salto pela rasteirinha. Afinal:



O fato de eu ser atleticana não me impede de gostar de futebol.

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Resenha - Annabel & Sarah


Já estou para escrever esse post há um bom tempo. Ou pelo menos desde que saí para uma sessão pipoca com o Jim Anotsu. Sim, ele é meu amigo. (Invejinha detected em vocês). Bom, venho pensando em escrever isso há vários e vários dias, mas creio que nunca conseguirei descrever, com exatidão, o sentimento que tive enquanto lia cada linha deliciosa de Annabel & Sarah.


Annabel, como é mais conhecido pelos íntimos, é uma ficção que, ao início, parece bastante infantil. Os leitores que gostam de ação e aventura podem ficar desanimados com os primeiros capítulos, mas acredite em mim: a partir do quinto capítulo, fica praticamente impossível largar o livro. Pode parecer uma crítica, mas é justamente essa evolução que confere toda delicadeza e beleza à história.

A cada momento o leitor é surpreendido por uma criatura nova, por um mistério mal resolvido, por uma vontade angustiante de saber como tudo vai acabar. Quando nos deparamos com a Beatrice, então... Comecei a imitá-la até no jeito peculiar de falar que a personagem tem.

Para não dizer que fui totalmente parcial simplesmente por possuir vínculos reais com o autor da obra, faço uma ressalva: TALVEZ o título pudesse ser outro. E olha, o título é o que mais vale. Quem é que não julga um livro pela capa, afinal?


Sem dúvida, Jim Anotsu é um dos jovens escritores mais promissores que o Brasil possui. Com a chegada de grandes livros de ficção estrangeiros, que se tornaram febre, como é o caso de Harry Potter e da Saga Crepúsculo, os escritores brasileiros entraram em desvantagem. Com a escrita de Jim, no entanto, é bastante possível que em breve isso não seja mais um problema: sem perder o toque brasileiro, o autor consegue inovar com uma ficção de proporções internacionais. Já estou na expectativa para o lançamento do segundo volume do nosso querido Jim, que acontecerá (se tudo der certo) agora em maio.



Jim, tudo o que posso desejar a você é o maior sucesso do mundo. Saiba que, enquanto estiver por perto (e mesmo quando não estiver) ainda adorarei conversar sobre literatura, ou sobre qualquer outra coisa. Até sobre o Jeremias da Turma da Mônica, quem sabe...

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Meu Primeiro Salto 15



Acabei de adquirir o salto mais alto da minha vida. Conseguir me equilibrar nele foi a maior prova de que nasci mesmo para ser mulher. E ser mulher não é algo absolutamente fácil. Quantas vezes, meu Deus! Quantas vezes desejei ser homem por pelo menos um dia...

Se eu fosse homem, ficaria satisfeito em poder dormir por mais quarenta minutos e gastar apenas vinte me arrumando para o trabalho.
Se eu fosse homem, não perderia vinte minutos do meu dia só para ler as previsões astrológicas diárias para o meu signo.
Se eu fosse homem, não precisaria me preocupar em usar roupa branca naqueles dias (afinal, não existiriam “aqueles dias”)...
Se eu fosse homem, não teria que gastar horas passando cremes hidratantes ou removedores de maquiagem.
Se eu fosse homem, não me preocuparia em ter que andar rebolando.
Se eu fosse homem, não precisaria me preocupar tanto com quantas calorias tem essa balinha que estou comendo.
Se eu fosse homem, ter apenas três pares de calçados (um chinelo, um tênis e um sapato social) não me incomodaria.
Se eu fosse homem não precisaria ficar loira, ter cabelos brancos seria “charme”.
Se eu fosse homem, não perderia minhas noites de sono pensando em onde está minha alma gêmea nesse exato momento.
Se eu fosse homem, talvez não fosse tão difícil dizer ‘adeus’ ao invés de ‘até logo’.

Se eu fosse homem, minha vida seria totalmente mais fácil. Mas eu não me orgulharia nem um pouco disso. Ser mulher é muito mais penoso. E é por isso que não abro mão de sê-la... Afinal: que homem conseguiria trabalhar dez horas por dia e ainda fazer o jantar quando chega em casa? Que homem suportaria fazer a sobrancelha ou depilar as pernas de 20 em 20 dias? Que homem sobreviveria a quatro dias de uma insuportável TPM?


Que homem conseguiria ter seu coração partido num dia e, mesmo assim, ir trabalhar (lindo e poderoso) no outro?


Nenhum homem consegue essa proeza. Conseguir trabalhar, arrumar a casa, cuidar dos filhos, fazer maquiagem todo dia e ainda ficar magra é exclusividade feminina. Conseguir esconder os problemas por baixo da maquiagem também. Em cima de um salto, então, ninguém me segura! Quer maneira mais rápida de deixar as pernas lindas?
Se há um amigo que consegue me deixar mais segura e confiante em segundos, sem dúvida é o salto. Posso estar ansiosa e desorientada, mas estou por cima. Não venha me dizer, portanto, que minha “síndrome de centopéia” não faz sentido. Pelo menos para mim, estar (e me sentir) bonita me faz instantaneamente sentir mais confiante.
Assim, passo até a ver a vida com outros olhos:

“Se eu fosse homem, sempre teria que pagar a conta.”



A todas vocês, Divas, meus parabéns.

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Sobre Amor & Sexo

Já aviso de antemão que sou completamente despudorada para falar desse assunto e, se não o mencionei diretamente antes, é porque guardei toda a inspiração necessária para este post aqui (que foi indiretamente induzido por um amigão meu).




Já diziam Arnaldo Jabor e Rita Lee.


Há homens que simplesmente não percebem a importância da relação amor-sexo na vida de uma mulher. E é justamente por isso que vou escrever aqui hoje.
Para começar: O que é o amor?
Eu sou a pessoa que tem a maior mania possível de achar que ama alguém com toda a força do mundo. E, na maioria das vezes, estou enganada. Redondamente. Sabe quando percebi isso? Num dia não muito distante do dia de hoje, em que um amigo me fez a simples pergunta: “Por que você o ama?” E eu não soube responder. Aliás, até soube, mas nenhum dos motivos que dei conseguiu convencer a mim mesma de que eu amava aquela pessoa. E então comecei a ouvir os discursos de várias pessoas sobre o que é o amor verdadeiro, e cheguei nisso aqui:

Ninguém começa a amar o outro de uma hora para outra. Atração à primeira vista existe, sim, mas AMOR é outra coisa completamente diferente. Para amar alguém, é necessário conhecê-lo, saber quais são suas reações às mais diversas situações, compreender cada qualidade ou defeito seu. Como já dizia Aristóteles, “o amor possui como base a admiração.” E é verdade. Como é que você pode amar uma pessoa que você não admire? Num amor consciente (o amor doentio é outro caso) a admiração é o que sustenta esse sentimento tão forte. AMOR é um sentimento muito sublime. Para amar alguém verdadeiramente, antes é preciso aprender a relevar, conversar, acalmar, perdoar, rir do que passou. Não quero fazer alusão a nenhuma religião, mas há uma passagem linda (tanto na bíblia quanto na música de Renato Russo) que demonstra claramente o que é o amor verdadeiro:

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”

Depois de tudo isso, talvez simplesmente aconteça aquele CLICK. E aí você, de repente, percebe que aquilo ali é mais sério do que você supunha. E sobre o click, quem sabe falar melhor é o meu amigo cafa, do Manual do Cafajeste.
Quando se ama alguém de verdade, quando o click acontece, nada mais normal do que sentir aquela vontade de se entregar de vez àquilo. E vocês sabem bem do que eu estou falando. E aí vêm outros problemas, que são o medo do desconhecido, a vergonha de mostrar o corpo, o pavor de estar fazendo algo que pode te machucar mais tarde. E podem ter certeza de uma coisa: Se uma mulher driblou todos esses sentimentos para se expor de tal forma, é porque ela nutre um profundo e genuíno sentimento por você. Se ela está lhe entregando o corpo, saiba que ela não está te entregando apenas seu corpo. Ela entrega toda a sua alma também. Ela não pensa que pode acabar, pois para ela aquele momento vai ser para sempre um “pra sempre”. Por isso é tão importante a conexão de alma.
A decisão de fazer sexo com alguém é algo muito perigoso, e muito bonito também. Essa relação paradoxal faz com que essa reflexão se torne ainda mais complexa, e é por isso que alguns dizem que preferem só se entregar após o casamento. No entanto, como diz o meu amigo-indutor-de-post, você se “casa” com a pessoa no momento em que se entrega. O “casamento” tem muito mais a ver com a conexão de alma do que com a cerimônia cheia de bolos e bem-casados.
Depois de tudo isso, só tenho uma dica: Tome cuidado, mas ame MUITO. Ame sempre com o máximo que puder, pois como já dizia meu ídolo Fernando Pessoa, “Põe quanto és no mínimo que fazes”. E use camisinha, claro.

Ps.: Gostaria de dedicar esse post a uma querida amiga que, por motivos éticos e óbvios, não identificarei. Apenas tenho certeza de que, quando ler, ela terá certeza de que foi escrito pensando nela...

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Papo Cabeça




Na manhã após a descoberta de que eu havia recebido um dinheiro inesperado, filosofei com mamãe na mesa do café:

Eu: Mãe, acho que dinheiro me dá mais alegria do que ter um namorado.
Mãe: É filha? Ainda bem! Mas por que cê tá falando isso?
Eu: Ontem recebi meu salário de férias, que eu achei que já tinha recebido em dezembro. Fiquei muito mais feliz com isso do que quando eu escuto um ‘eu te amo’...
Mãe: É triste pensar assim, né? (com feições filosóficas enquanto lava a louça)
Mas ainda bem que ocê entende o meu lado. Eu quero encontrar alguém, sabe? Mas se me pedissem para escolher entre um homem que me ama e um dinheiro extra pra comprar nosso apartamento, eu escolheria o dinheiro sem hesitar. Amor acaba, herança não. Quero deixar um apartamento procês, não um velho pra cuidar.
Eu: Sabe o que que é, mãe? Se eu tivesse namorando, provavelmente esse dinheiro das férias só ia servir pra tampar o rombo no cheque especial. Ia ter que comprar presente de natal, fazer uma viagem no ano novo, ficar pagando uma coisinha ali, outra aqui... Sem contar cinema, motel e otras cositas más... O que eu fiz com esse dinheiro foi infinitas vezes melhor: comprei roupa, saí pro bar quase todo dia com os meninos, comprei roupa de novo... E ainda sobrou! Fala que isso não é muito melhor?
Mãe: Ô se é... Mas aqui, pagar motel??? (Com voz de espanto)
Eu: Deixa pra lá, mãe...(mudando de assunto, rs)
Sabe de uma coisa? Gosto mais de dinheiro que de namorado por um monte de coisas: dinheiro não fala, não faz brincadeira idiota pra eu ser obrigada a rir, não reclama se eu coloco uma saia curta, não fala grosso comigo, não enche meu saco o dia inteiro... E o melhor: paga tudo pra mim! Hahahahahaha...

E continuamos por mais um tempão a filosofar sobre homens e dinheiro...


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a Próxima Vítima

Por que as pessoas morrem? Ninguém devia morrer. Como diz a Cris Guerra, “Da primeira vez que morri, não gostei. Não morro de novo nem morto”. Talvez o texto de hoje fique meio filosófico, e acho que vocês vão entender o porquê.


A morte é mesmo uma coisa engraçada. É sempre igual, mas diferente. Se me permitem explicar a frase anterior, é mais ou menos o seguinte: Por mais que no final sempre tenha um velório com caixão no centro, viúva ao lado, coroas de flores ao redor e aqueles clichês fúnebres do tipo “ele era uma pessoa tão boa...”, cada defunto tem seu jeitinho peculiar de dar tchau. É, ninguém morre igual a ninguém.

Tem gente que morre de morte morrida. Tem gente que morre de morte matada. Alguns, ao estilo Elvis Presley, morrem e continuam vivos. Tem gente que escolhe fingir que morreu, como o Paul. Tem gente que morre de mentirinha, tem gente que finge que morreu para dar um golpe na vilã da novela, tem gente que morre só na cabeça da gente. Tem gente que fica naquele morre-não-morre que dá aflição. Tem gente que parece que vai morrer, fica boa de novo e morre por outra coisa totalmente diferente. Ai, ai...

Mas e depois de morrer? Pra onde elas vão?
Ilusão pensar que vai todo mundo para o mundo feliz de “Nosso Lar”. Assim como a morte, o destino de cada um após a vida é algo totalmente singular.

Tem gente que morre e vai direto pro céu, tem gente que fica no meio-termo dos umbrais, tem gente que (não-sei-por-que) prefere ficar pedindo ajuda no Viaduto das Almas. Tem até gente que gosta de canto de parede de casa velha!De qualquer maneira, a morte é sempre ao estilo Lenine. “Avassalador, chega sem avisaaar...”. Mesmo quando é esperada, é inesperada.

Antes do Natal, jurei que o Zé de Alencar não passaria do ano novo. E olha ele lá! Em compensação, a minha vizinha (e melhor amiga da minha avó), pessoa que eu julgava simplesmente imortal, deu um grito de manhã na cozinha e foi gritar de novo só lá no céu. Minha avó foi ligar pro moço que lava a caixa d’água e descobriu que ele foi assassinado. Outro vizinho, esse ainda hoje, morreu lá no Rio. O sócio do meu tio veio a BH para uma reunião e foi encontrado morto no quarto do hotel. Que destino. Só por precaução, minha mãe foi ao banco hoje e fez um seguro de vida.
Vou confessar: tenho medo de morrer. Tenho medo de não realizar os meus sonhos (assunto do próximo post) a tempo de partir. Nos últimos dias sonhei com crucifixos, caixões e enterros. Fui procurar um auxílio de Bibliomancia, abri a bíblia justamente no Apocalipse. Será o Benedito?

Se algo acontecer, vocês já sabem. Estava escrito aqui.

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Dica de Beleza - Banho de Rosas


Decidi fazer, a partir de hoje, uma coluna semanal aqui no blog para falar de beleza. Tem sido sugestão de um monte de gente que eu escreva sobre coisas que me façam bem, e se tem uma coisa da qual eu adoro falar, sem dúvida é isso. Sou cheia das mandingas, truques e acessórios, então acho melhor aproveitar tudo isso antes de eu ficar velha.

A dica de hoje ainda está em clima de ano novo, e serve para qualquer pessoa, solteira ou não. Trata-se de uma receita INFALÍVEL, passada pela minha prima Gabi, e que apesar de ter sido motivo de chacota geral, juro que tá funcionando comigo. Esse banho miraculoso promete simplesmente fazer você arrasar por onde passa, além de chamar um namorado do jeito que você quer, de acordo com o que você pedir durante a simpatia.


Banho de Rosas

Você vai precisar de:

- 3 rosas vermelhas abertas
- 1 litro de água
- 3 colheres de sopa de açúcar cristal

O mais difícil da receita são as rosas, por causa do precinho (nesse início de ano, um real é quase um milhão). Preferi roubar da roseira da minha vizinha. Como estava chovendo e tive que subir (escondida) num banquinho pra alcançar o muro, escorreguei no lodo e ralei o cotovelo. Mas valeu a pena.

Como fazer:

Despetale delicadamente cada rosa e as coloque numa vasilha com a água e o açúcar. Coloque no fogo e espere ferver.

Na hora do banho:

Tome seu banho normal, lavando a cabeça e as partes bem direitinho com seu sabonete/xampu/condicionador favoritos. No último enxágüe, pegue a água de rosas. Misture com um pouco da água do chuveiro para que fique morna. Chegou a hora de pedir: Banhando-se vagarosamente com a água de rosas, vá pedindo a Deus, Jeová, Maomé, Buda, Shiva ou qualquer entidade na qual você acredite que lhe dê um homem... (insira aqui as características que você quer no amor da sua vida). Pronto!

Diqueta básica:

- Se suas exigências forem muitas, escreva num papel cada detalhe e cole com fita crepe do lado de fora do Box. É melhor, vai que você esquece que ele tem que ser bonito? Ou que ele tem que ter carro? Pegar homem desdentado e/ou andar de ônibus não tá com nada né!
Depois me contem os resultados! Minha mãe tá tão impressionada que quer fazer também, mas diz ela que com uma dúzia de rosas...

Oxum agradece!

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Me, myself and I



Hedonismo. Palavra bonitinha, essa. Adoro palavra bonita.



Já me deparei antes com ela. Sorrateira e despretensiosamente, lógico. Mas nunca havia tido interesse em desmembrar o real significado dela (o que, para uma letrista linda como eu, é quase um pecado). Hoje tive.

Segundo a Wikipédia (rs), o "Hedonismo" surgiu na Grécia, e se fundamenta no princípio de que “o prazer é o maior bem da vida humana”. Teoricamente, é uma coisa linda. O problema é que esse conceito bonito foi sendo distorcido ao longo dos anos, e virou uma coisa muito feia. Originalmente, no entanto, o “prazer” nessa doutrina tem mais a ver com felicidade do que com quantas mulheres você dormiu na semana passada.

Um dia, conheci uma pessoa que enchia a boca para dizer que era hedonista. E olha que essa pessoa tinha uma boca enoooorme.
Eu achava a palavra muito bonitinha, e como quem falava sobre ela me parecia igualmente “bonitinho”, não me importei com seu significado. Apenas ouvi com atenção o que ele dizia e utilizei aquela válvula de escape contra a ignorância: “Na dúvida, sorria”. Sempre funciona. Dava aquelas risadinhas de "vamos mudar de assunto" e pronto. Na minha santa estupidez, convivi com o hedonismo, achando ele tão lindo e sexy quanto seu dono. E descobri que, assim como aquele que enchia a boca para falar, o hedonismo era “bonitinho, mas ordinário”.

Não me sinto completamente à vontade para falar em hedonismo, já que sou (ou era) praticamente leiga no assunto. E também tenho medo de estar julgando mal os princípios de alguém. Mas o negócio é o seguinte: só me lembrei dessa palavra quando a vi escrita (com um conceito bastante razoável) no perfil do Facebook de um amigo meu. A frase era a seguinte:

"Se você joga limpo, não é galinhagem, é hedonismo. Só não vale o cara ser hedonista e a mulher monogâmica".

Então, o primeiro conceito que obtive acerca da palavra em estudo era “jogo limpo”. Certo. Corri para o dicionário e li: “Hedonismo: Tendência a considerar que o prazer individual e imediato é a finalidade da vida”. E a coisa começou a piorar. Por último, cheguei a ler no Wikipédia que a palavra adquiriu o sentido pejorativo de “uma atitude voltada para a busca egoísta de prazeres materiais”. Rá.
Nunca achei egoísmo uma coisa bonita. Não posso ser hipócrita ao ponto de dizer que nunca tranquei a porta do meu quarto para comer o meu pacote de Cheetos sozinha, mas também não sou ridícula a ponto de sucumbir os desejos dos outros, julgando o meu mais importante. Ser hedonista pode ser simplesmente "gozar tudo o que a vida lhe oferece de bom", pode ser "viver o agora", pode ser "eu não estou feliz, eu SOU feliz"... Mas também pode ser um sinceríssimo "Não estou nem fodendo para os outros". E isso é triste. O humilde aceita sua condição, e por isso é acarinhado sempre que pede. O hedonista, não. O hedonista é, além de tudo, orgulhoso. É tão egoísta que não compartilha nem os maus sentimentos. É tão ensimesmado que se dá o direito de ser irônico. É tão solitário que nem um humilde é capaz de consertá-lo. Ou talvez tudo o que eu escrevi nesse parágrafo seja uma tremenda baboseira, e talvez eu esteja errada sobre ser hedonista. E de certa forma talvez até eu mesma seja. Quando penso em "amar mais a mim mesma do que ao outro", talvez eu seja bem hedonista.
Enquanto comentava toda essa história com meu humorista-amigo-conselheiro Gabriel, ele discutia comigo esse controverso “estilo de vida”. Aí então reparei que nenhum hedonista se torna de uma hora para outra um "sujeitinho podre". O hedonista de verdade é o que é. Só muda de ares quando os ventos sopram a seu favor. O prazer acabou? Então a delicadeza também. E o hedonista sem prazer volta a fazer aquela pirracinha de menino birrento que não ganhou o que queria de presente de Natal.
Comentei com meu humorista-amigo-conselheiro-crítico Gabriel, que talvez eu tenha sido vítima de um crime hedonista. Ele preferiu dizer que fui vítima de um crime "hediondo". Comecei a achar, então, a palavra “Hediondo” mais bonita (e sincera) do que “Hedonismo”.
Como diria Liz Gilbert, cada um tem a sua palavra. A dela é “Attraversiamo”. A do bonitinho, “Hedonista”, “hediondo”, ou “hipócrita” talvez. A minha eu ainda não descobri. Mas posso adotar algo como “falastrona” ou “gargalhenta”, ao invés das antigas “submissa” e “otária”. E “chorona-anormal”, como alguns me diziam.
P.s.: Quantas vezes eu escrevi a palavra "Hedonismo" e seus derivados nesse post? Hahaha, era só para enfatizar.

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