Papo Cabeça




Na manhã após a descoberta de que eu havia recebido um dinheiro inesperado, filosofei com mamãe na mesa do café:

Eu: Mãe, acho que dinheiro me dá mais alegria do que ter um namorado.
Mãe: É filha? Ainda bem! Mas por que cê tá falando isso?
Eu: Ontem recebi meu salário de férias, que eu achei que já tinha recebido em dezembro. Fiquei muito mais feliz com isso do que quando eu escuto um ‘eu te amo’...
Mãe: É triste pensar assim, né? (com feições filosóficas enquanto lava a louça)
Mas ainda bem que ocê entende o meu lado. Eu quero encontrar alguém, sabe? Mas se me pedissem para escolher entre um homem que me ama e um dinheiro extra pra comprar nosso apartamento, eu escolheria o dinheiro sem hesitar. Amor acaba, herança não. Quero deixar um apartamento procês, não um velho pra cuidar.
Eu: Sabe o que que é, mãe? Se eu tivesse namorando, provavelmente esse dinheiro das férias só ia servir pra tampar o rombo no cheque especial. Ia ter que comprar presente de natal, fazer uma viagem no ano novo, ficar pagando uma coisinha ali, outra aqui... Sem contar cinema, motel e otras cositas más... O que eu fiz com esse dinheiro foi infinitas vezes melhor: comprei roupa, saí pro bar quase todo dia com os meninos, comprei roupa de novo... E ainda sobrou! Fala que isso não é muito melhor?
Mãe: Ô se é... Mas aqui, pagar motel??? (Com voz de espanto)
Eu: Deixa pra lá, mãe...(mudando de assunto, rs)
Sabe de uma coisa? Gosto mais de dinheiro que de namorado por um monte de coisas: dinheiro não fala, não faz brincadeira idiota pra eu ser obrigada a rir, não reclama se eu coloco uma saia curta, não fala grosso comigo, não enche meu saco o dia inteiro... E o melhor: paga tudo pra mim! Hahahahahaha...

E continuamos por mais um tempão a filosofar sobre homens e dinheiro...


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a Próxima Vítima

Por que as pessoas morrem? Ninguém devia morrer. Como diz a Cris Guerra, “Da primeira vez que morri, não gostei. Não morro de novo nem morto”. Talvez o texto de hoje fique meio filosófico, e acho que vocês vão entender o porquê.


A morte é mesmo uma coisa engraçada. É sempre igual, mas diferente. Se me permitem explicar a frase anterior, é mais ou menos o seguinte: Por mais que no final sempre tenha um velório com caixão no centro, viúva ao lado, coroas de flores ao redor e aqueles clichês fúnebres do tipo “ele era uma pessoa tão boa...”, cada defunto tem seu jeitinho peculiar de dar tchau. É, ninguém morre igual a ninguém.

Tem gente que morre de morte morrida. Tem gente que morre de morte matada. Alguns, ao estilo Elvis Presley, morrem e continuam vivos. Tem gente que escolhe fingir que morreu, como o Paul. Tem gente que morre de mentirinha, tem gente que finge que morreu para dar um golpe na vilã da novela, tem gente que morre só na cabeça da gente. Tem gente que fica naquele morre-não-morre que dá aflição. Tem gente que parece que vai morrer, fica boa de novo e morre por outra coisa totalmente diferente. Ai, ai...

Mas e depois de morrer? Pra onde elas vão?
Ilusão pensar que vai todo mundo para o mundo feliz de “Nosso Lar”. Assim como a morte, o destino de cada um após a vida é algo totalmente singular.

Tem gente que morre e vai direto pro céu, tem gente que fica no meio-termo dos umbrais, tem gente que (não-sei-por-que) prefere ficar pedindo ajuda no Viaduto das Almas. Tem até gente que gosta de canto de parede de casa velha!De qualquer maneira, a morte é sempre ao estilo Lenine. “Avassalador, chega sem avisaaar...”. Mesmo quando é esperada, é inesperada.

Antes do Natal, jurei que o Zé de Alencar não passaria do ano novo. E olha ele lá! Em compensação, a minha vizinha (e melhor amiga da minha avó), pessoa que eu julgava simplesmente imortal, deu um grito de manhã na cozinha e foi gritar de novo só lá no céu. Minha avó foi ligar pro moço que lava a caixa d’água e descobriu que ele foi assassinado. Outro vizinho, esse ainda hoje, morreu lá no Rio. O sócio do meu tio veio a BH para uma reunião e foi encontrado morto no quarto do hotel. Que destino. Só por precaução, minha mãe foi ao banco hoje e fez um seguro de vida.
Vou confessar: tenho medo de morrer. Tenho medo de não realizar os meus sonhos (assunto do próximo post) a tempo de partir. Nos últimos dias sonhei com crucifixos, caixões e enterros. Fui procurar um auxílio de Bibliomancia, abri a bíblia justamente no Apocalipse. Será o Benedito?

Se algo acontecer, vocês já sabem. Estava escrito aqui.

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Dica de Beleza - Banho de Rosas


Decidi fazer, a partir de hoje, uma coluna semanal aqui no blog para falar de beleza. Tem sido sugestão de um monte de gente que eu escreva sobre coisas que me façam bem, e se tem uma coisa da qual eu adoro falar, sem dúvida é isso. Sou cheia das mandingas, truques e acessórios, então acho melhor aproveitar tudo isso antes de eu ficar velha.

A dica de hoje ainda está em clima de ano novo, e serve para qualquer pessoa, solteira ou não. Trata-se de uma receita INFALÍVEL, passada pela minha prima Gabi, e que apesar de ter sido motivo de chacota geral, juro que tá funcionando comigo. Esse banho miraculoso promete simplesmente fazer você arrasar por onde passa, além de chamar um namorado do jeito que você quer, de acordo com o que você pedir durante a simpatia.


Banho de Rosas

Você vai precisar de:

- 3 rosas vermelhas abertas
- 1 litro de água
- 3 colheres de sopa de açúcar cristal

O mais difícil da receita são as rosas, por causa do precinho (nesse início de ano, um real é quase um milhão). Preferi roubar da roseira da minha vizinha. Como estava chovendo e tive que subir (escondida) num banquinho pra alcançar o muro, escorreguei no lodo e ralei o cotovelo. Mas valeu a pena.

Como fazer:

Despetale delicadamente cada rosa e as coloque numa vasilha com a água e o açúcar. Coloque no fogo e espere ferver.

Na hora do banho:

Tome seu banho normal, lavando a cabeça e as partes bem direitinho com seu sabonete/xampu/condicionador favoritos. No último enxágüe, pegue a água de rosas. Misture com um pouco da água do chuveiro para que fique morna. Chegou a hora de pedir: Banhando-se vagarosamente com a água de rosas, vá pedindo a Deus, Jeová, Maomé, Buda, Shiva ou qualquer entidade na qual você acredite que lhe dê um homem... (insira aqui as características que você quer no amor da sua vida). Pronto!

Diqueta básica:

- Se suas exigências forem muitas, escreva num papel cada detalhe e cole com fita crepe do lado de fora do Box. É melhor, vai que você esquece que ele tem que ser bonito? Ou que ele tem que ter carro? Pegar homem desdentado e/ou andar de ônibus não tá com nada né!
Depois me contem os resultados! Minha mãe tá tão impressionada que quer fazer também, mas diz ela que com uma dúzia de rosas...

Oxum agradece!

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Me, myself and I



Hedonismo. Palavra bonitinha, essa. Adoro palavra bonita.



Já me deparei antes com ela. Sorrateira e despretensiosamente, lógico. Mas nunca havia tido interesse em desmembrar o real significado dela (o que, para uma letrista linda como eu, é quase um pecado). Hoje tive.

Segundo a Wikipédia (rs), o "Hedonismo" surgiu na Grécia, e se fundamenta no princípio de que “o prazer é o maior bem da vida humana”. Teoricamente, é uma coisa linda. O problema é que esse conceito bonito foi sendo distorcido ao longo dos anos, e virou uma coisa muito feia. Originalmente, no entanto, o “prazer” nessa doutrina tem mais a ver com felicidade do que com quantas mulheres você dormiu na semana passada.

Um dia, conheci uma pessoa que enchia a boca para dizer que era hedonista. E olha que essa pessoa tinha uma boca enoooorme.
Eu achava a palavra muito bonitinha, e como quem falava sobre ela me parecia igualmente “bonitinho”, não me importei com seu significado. Apenas ouvi com atenção o que ele dizia e utilizei aquela válvula de escape contra a ignorância: “Na dúvida, sorria”. Sempre funciona. Dava aquelas risadinhas de "vamos mudar de assunto" e pronto. Na minha santa estupidez, convivi com o hedonismo, achando ele tão lindo e sexy quanto seu dono. E descobri que, assim como aquele que enchia a boca para falar, o hedonismo era “bonitinho, mas ordinário”.

Não me sinto completamente à vontade para falar em hedonismo, já que sou (ou era) praticamente leiga no assunto. E também tenho medo de estar julgando mal os princípios de alguém. Mas o negócio é o seguinte: só me lembrei dessa palavra quando a vi escrita (com um conceito bastante razoável) no perfil do Facebook de um amigo meu. A frase era a seguinte:

"Se você joga limpo, não é galinhagem, é hedonismo. Só não vale o cara ser hedonista e a mulher monogâmica".

Então, o primeiro conceito que obtive acerca da palavra em estudo era “jogo limpo”. Certo. Corri para o dicionário e li: “Hedonismo: Tendência a considerar que o prazer individual e imediato é a finalidade da vida”. E a coisa começou a piorar. Por último, cheguei a ler no Wikipédia que a palavra adquiriu o sentido pejorativo de “uma atitude voltada para a busca egoísta de prazeres materiais”. Rá.
Nunca achei egoísmo uma coisa bonita. Não posso ser hipócrita ao ponto de dizer que nunca tranquei a porta do meu quarto para comer o meu pacote de Cheetos sozinha, mas também não sou ridícula a ponto de sucumbir os desejos dos outros, julgando o meu mais importante. Ser hedonista pode ser simplesmente "gozar tudo o que a vida lhe oferece de bom", pode ser "viver o agora", pode ser "eu não estou feliz, eu SOU feliz"... Mas também pode ser um sinceríssimo "Não estou nem fodendo para os outros". E isso é triste. O humilde aceita sua condição, e por isso é acarinhado sempre que pede. O hedonista, não. O hedonista é, além de tudo, orgulhoso. É tão egoísta que não compartilha nem os maus sentimentos. É tão ensimesmado que se dá o direito de ser irônico. É tão solitário que nem um humilde é capaz de consertá-lo. Ou talvez tudo o que eu escrevi nesse parágrafo seja uma tremenda baboseira, e talvez eu esteja errada sobre ser hedonista. E de certa forma talvez até eu mesma seja. Quando penso em "amar mais a mim mesma do que ao outro", talvez eu seja bem hedonista.
Enquanto comentava toda essa história com meu humorista-amigo-conselheiro Gabriel, ele discutia comigo esse controverso “estilo de vida”. Aí então reparei que nenhum hedonista se torna de uma hora para outra um "sujeitinho podre". O hedonista de verdade é o que é. Só muda de ares quando os ventos sopram a seu favor. O prazer acabou? Então a delicadeza também. E o hedonista sem prazer volta a fazer aquela pirracinha de menino birrento que não ganhou o que queria de presente de Natal.
Comentei com meu humorista-amigo-conselheiro-crítico Gabriel, que talvez eu tenha sido vítima de um crime hedonista. Ele preferiu dizer que fui vítima de um crime "hediondo". Comecei a achar, então, a palavra “Hediondo” mais bonita (e sincera) do que “Hedonismo”.
Como diria Liz Gilbert, cada um tem a sua palavra. A dela é “Attraversiamo”. A do bonitinho, “Hedonista”, “hediondo”, ou “hipócrita” talvez. A minha eu ainda não descobri. Mas posso adotar algo como “falastrona” ou “gargalhenta”, ao invés das antigas “submissa” e “otária”. E “chorona-anormal”, como alguns me diziam.
P.s.: Quantas vezes eu escrevi a palavra "Hedonismo" e seus derivados nesse post? Hahaha, era só para enfatizar.

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