Achei bonitinho

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Attraversiamo


2010 está se despedindo e eu não poderia deixar de levar isso em conta ao escrever o primeiro texto desse blog. Mesmo porque 2010 foi um ano lindo, e portanto merece um post à altura.

Esse sim foi um ano surpreendente. E denso.

Nesse ano, larguei o jardim de infância do Ensino Médio e me aventurei ao ingressar na UFMG. E lá mesmo descobri meu amor pelas Letras.
Consegui, ainda no primeiro período da faculdade, o emprego dos sonhos de qualquer estudante da minha área, e lamento por não ter dado o devido valor a isso.
Desdenhei da minha chefa sem saber que por trás daquela casca grossa havia uma pessoa realmente interessada em me ver crescer.
Ganhei mais dinheiro que nunca. Gastei mais ainda.
Conheci lugares lindos.
Vi o Paul de pertinho.
Andei de montanha-russa.
E nesse ano conheci uma pessoa que parecia ser realmente especial. E a desconheci. E descobri que talvez ela não fosse tão especial assim.
Afastei-me dos meus amigos, mas fui recebida de braços e sorrisos abertos quando quis me reaproximar.
Dei valor a coisas pouco importantes e negligenciei outras tão urgentes.
Descobri que para algumas pessoas o dinheiro é mais importante que os momentos juntos.
Percebi que nunca estive solteira antes, e percebi o valor que tem a solteirice.
Dei-me conta de que não sou tão importante assim.
Deixei de ser o feriado em pleno dia de semana para ser a hora extra de sexta-feira.
Percebi que nunca tinha passeado sozinha pela Savassi.
Comprei milhões e milhões de roupas.
Presenteei pessoas importantes.
Briguei muito. Gritei, berrei, fui injusta. Mas soube reconhecer isso e mudar.
Submeti minhas vontades às dos outros.
Chorei. Muito. (Não que isso seja algo difícil para mim).
Culpei-me por tantas coisas e no final me perguntei se eu sou realmente tão ruim assim, ou se simplesmente só estava observando um lado da situação. E vi que sabia ser chata, mas também sabia ser uma boa companheira. E que também havia erros alheios.
Aprendi (na marra) a dizer ‘Adeus’ ao invés de ‘Até logo’.
Pensei até sair fumaça.
Senti um misto de angústia e alívio. E senti medo. Senti, não. Sinto.
Descobri que a família do meu pai é mais importante para mim do que eu supunha. E descobri o quanto eles se importam comigo.
Descobri que quando um diamante se quebra, ele nunca mais será igual.
Descobri que não posso voltar no tempo.
Perdi coisas que gostava por mau comportamento.
Pedi uma segunda chance. E aproveitei-a.
Olhei para mim mesma e percebi a bagunça que fiz. Os erros que cometi.
Fiquei esperando o perdão de alguém. Mas como esse perdão não veio, achei suficiente perdoar a mim mesma.
Dei gargalhadas com minhas primas, chorei ao telefone com minhas tias, aprendi dicas preciosas sobre banhos de rosas e calcinhas vermelhas. Dormi no colo de minha mãe. Recebi apoio do meu pai. E conselhos lindos de minha avó.
Aprendi quiromancia.

E mais um milhão de coisas que não consigo enumerar.

De todas as cenas que vivenciei em 2010, talvez nenhuma (nem mesmo as de amor) se compare àquela em que o Thiago, ao me ver chorando, me puxou para seu ombro e, num abraço apertado, disse bem alto: “Ô, meu amor...”
Descobri que nenhum amor (nem mesmo um verdadeiro) chega aos pés de uma boa amizade.
Cozinhei para os meus amigos.
Bebi.
Dancei funk no natal (Desculpe-me, Senhor, sei que era seu aniversário).
De qualquer maneira, a única coisa que não fiz foi deixar de viver. Vivi tudo o que a vida me proporcionou nesse ano. Até a depressão latejante (que só é permitida até as 23h59min de amanhã).
Que venha 2011, cheio de alegria, paz, saúde, sucesso, surpresas. E também de desentendimentos, brigas, choros, perdas, tristezas. Que não só fazem parte como nos ajudam a crescer. Que venha 2011 e realize mais alguns de nossos desejos. Que nos dê amor e força.
Que quando pensarmos novamente naquele alguém, naquela decepção, saibamos mandar amor e luz a eles, mas que saibamos não nutri-los.
Que tenhamos consciência de que, como dizia Emmanuel, “Isso também passa”.
Que possamos dizer amanhã, à meia-noite, a simples expressão “Attraversiamo”. No italiano não quer dizer mais do que “Atravessemos”. Saiamos do meio-fio do ano 2010 e pisemos com o pé direito no outro lado da rua, onde está 2011.

Feliz ano novo a todos. Que todos tenham um ano cheio de coisas lindas pela frente. Que ninguém se abale como os problemas cotidianos. E que encontremos sempre um caminho novo.
Attraversiamo!

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