sábado, 2 de julho de 2011

Sinestesia

Tem gente que escolhe palavra como se estivesse fazendo aquela brincadeira de tirar objetos misteriosos de uma caixa escura. Enfia a mão com apreensão e tira de lá uma coisa que não saberá o que é até que a luz denuncie. Eu não.
Eu gosto de aproveitar os cinco ou seis sentidos de cada palavra. Saborear cada sílaba como quem morde uma maçã, e deixar escorrer pelos lábios o sumo ao mesmo tempo doce e azedo da voz. Eu gosto de pegar nas palavras, de sentir a textura da nuvem ou da pedra-sabão. Eu gosto de vestir as palavras. Eu quero caber nas palavras como numa calça de lycra. Ou será que são as palavras que devem caber em mim?

Eu escolho cada palavra como tomates no sacolão. Nunca as pronuncio se estiverem verdes.
Apalpo bem cada palavra. Vejo se vou usar os tomates mais macios ou mais rígidos, de acordo com a minha receita. Costumo preferir os mais vermelhos: eles são mais quentes, têm mais sabor.
Se crus ou cozidos eu não sei; Talvez eu tenha que usá-lo sem pele e sem sementes, até mesmo para não estragar o jantar.

Eu cheiro cada palavra como quem escolhe um perfume para dar de presente.
Não vou levar florais para quem é cítrico. Abro cada frasco e aspiro não as notas de saída ou de fundo: aspiro as de coração.

Experimento cada palavra como quem come jiló pela primeira vez. Pego um pedaço pequenininho e encosto a língua fazendo cara de nojo. Mas até que o gosto pode ser surpreendentemente bom.
Eu vomito palavras que não consigo engolir.

Eu vejo a beleza de cada palavra. Palavra gorda, palavra magra, palavra simpática, antipática, palavra com olhos grandes ou com boca pequena. Palavra não-verbal. Não dizem que uma imagem vale mais que mil palavras?

Eu quero ouvir palavras de mel, não de abacaxi.
Sussurre uma palavra doce no ouvido de alguém.

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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sinonímia

Há quem diga que alegria e felicidade são sinônimos. Bobo de quem pensa isso. A relação de sinonímia tem muito mais a ver com o sentido que cada palavra adquire com o tempo do que com o que está ou não está escrito na gramática.

Existe sim uma grande diferença entre alegre e feliz. A começar pelo verbo que as acompanha: estar alegre, ser feliz. Não é à tôa que os noivos, ao se casarem, prometem amor e respeito na alegria e na tristeza. Porque não há realmente quem tenha sido infeliz pela vida toda.



Alegria é momentânea. Vem e vai de acordo com os passos que a gente dá. Se pisarmos num chão escorregadio, há uma grande chance de, em algum momento, desequilibrarmos-nos e cairmos bem de bunda no chão da tristeza. Ainda bem que nenhum piso é tão encerado que não nos deixe levantar.


Felicidade não... Felicidade é bem durável e fonte renovável. Já parcebeu que, mesmo na iminência de cairmos num buraco tão fundo quanto o de Alice, ainda podemos encontrar nem uma faísca que seja de algo realmente bom? É aí que está a diferença.



Amor não é sinônimo de felicidade. É sinônimo de alegria. Quando um sábio amigo me disse que era importante que eu encontrasse a felicidade sozinha para só então compartilhá-la com alguém, não duvidei dele. Não colocar a felicidade no lugar da alegria é o primeiro passo para ser realmente feliz. Saber-se feliz mesmo nas adversidades é o que realmente faz a diferença entre "fazer cada minuto valer a pena" e "transformar a sua vida num monumento de culto a qualquer coisa ruim que tenha acontecido na sua vida".




Hoje eu sei que estar triste, pode sim, ser sinônimo de ser feliz.

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domingo, 5 de junho de 2011

(Teo)rema

Hoje acordei cedinho e decidi conversar com Deus.
Ainda sonolenta, pedi a ele que, por favor, me mostrasse o caminho certo
mas escutei a resposta na própria voz de Deus-mim:
"Os caminhos são muitos, mas não importa qual deles você vai seguir
o lugar para onde você está indo é um só."
E assim descobri que destino existe.

Om namah shivaya.




P.s.:Todos os caminhos levam a Roma.

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terça-feira, 17 de maio de 2011

A minha "redassão" do ENEM

Há várias semanas venho anotando pérolas de alunos, e resolvi montar um texto, reunindo cada um deles. É claro que não vou revelar quem foi o "inguinorante" que escreveu essas besteiras, mas isso não é algo que possa passar em branco.


"O consumismo é intrícico ao brasileiro". (Quer escrever bonito?? OLHA NO DICIONÁRIO ENTÃO, #%&)!


"O ato de viver é algo que não para nunca. Por isso, estamos sempre nesse ciclo intermitente. (Outro caso de quem quer escrever bonito e se f***).


"O Brasil é composto por todas as raças, várias etnias e diversos sexos." (O que mais me impressiona nessa frase genial é a facilidade com que a pessoa conseguiu escrever tanta m**** com tão poucas letras).

"A população acaba comprando produtos supérfogos." (Não entendi).


" A droga causa vícil". (É, esse vício causado pela droga é tão devastador que nem a palavra pode ser escrita corretamente).


"Os preconceituosos, para aprender, têm que sofrer preconceito." (Chuta os direitos humanos pra pqp).


" Os professores têm que obedecer o aluno e dar nota máxima para ele, mesmo que ele não tenha nem chegado na média." (Ops, acho que ele esqueceu que quem corrige o texto dele é um PROFESSOR).


Eu sofro né.... Como diz a Cleycianne, ÊTA DEUS!

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Retratação


Ontem reli todo o meu blog. Gosto de fazer isso quando não tenho ideia para escrever algo novo. Fiquei triste ao perceber que a maior parte dos textos foi movida por sentimentos momentâneos, e que de certa forma ficaram eternizados quando os escrevi aqui. Não estou dizendo que vou apagar os textos, pois não me arrependi de tê-los escrito. Gostaria apenas de me retratar, uma vez que frequentemente tenho escrito sem pensar.

Já dizia Shakespeare que "quando estamos com raiva, temos o direito de estar com raiva, mas isso não nos dá o direito de ser cruel". E talvez eu tenha sido.

Vocês não têm noção do quanto me incomoda tomar café ao lado de Pluft, o fantasminha. É tão desagradável ter que fingir que a pessoa que divide a mesa com você não está ali... Isso me magoa, mas não há nada que eu possa fazer. Escrever no blog não é algo que vá mudar o que ele sente em relação a mim. Talvez ele tenha se excedido, talvez eu. Eu não me importaria em cumprimentá-lo, mas vou respeitar (dessa vez de verdade) a vontade dele.
Além disso, uma outra mágoa antiga me fez escrever escrever textos que afirmavam coisas das quais eu não tinha certeza quanto à veracidade. Chamar alguém de hedonista, de egoísta, de hipócrita é simplesmente dar um tiro no escuro. Eu nunca poderia afirmar com certeza o que uma pessoa é em sua essência, e agora que tudo está calmo eu percebo isso. Talvez a hipócrita aqui seja eu. Ninguém tem que dar preferência à felicidade do outro quando tem a sua para satisfazer, não é mesmo? Eu mesma estou fazendo isso agora.
Acho que está na hora de transformar uma coisa que foi bonita em outra coisa igualmente bonita. Vai dizer que lembrança não é algo bom?! Tá certo... Já chorei por memórias que hoje me fazem rir e pensar: "Como foi um dia gostoso, aquele"... No entanto, não tenho vontade de que esse dia volte, e tampouco me arrependo de qualquer coisa que tenha feito.
Sentir culpa é colocar-se numa prisão perpétua. Como diz a Dani, uma aluna-amiga minha, "deixa isso dar uma passeada lá fora do seu coração"... Talvez tudo isso tenha sido motivado por não ter sido bem esclarecido, mas de que adiantaria agora? Não faz sentido remexer nas feridas de ninguém. Às vezes tenho vontade de ser perdoada pelas coisas que fiz ao longo da minha vida. Mas aprendi que se isso não é possível, eu tenho que perdoar a mim mesma. Isso consegue ser ainda mais difícil, mas sou humana. E aceitar meus erros e perdoá-los é a forma mais simples de abrir a cabeça para coisas novas.

Uma vez alguém me disse para escrever sobre coisas que me deixassem felizes. E é isso o que eu preciso fazer.
Bem-vindos ao novo Diva não Chora, escrito por uma diva que não só chora, como ri, escreve, lê, dorme, come, se diverte e às vezes, como qualquer um, erra. Sei que isso não era necessário, mas me sinto melhor assim.
P.s.: Depois de bater o recorde de dias sem chorar (desde 16 de janeiro, eu acho) eu chorei ontem! Mas nada demais, choro rápido (senão ia desperdiçar minha base super cara da Mary Kay).

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sábado, 30 de abril de 2011

Praticando a ociosidade

Enquanto ela me cabe, né.... Semana que vem eu volto ao ritmo puxado de faculdade + 2 empregos...


O post de hoje é tanto para mostrar meus dotes artísticos quanto para homenagear o Rodrigo...


Espero que vocês gostem! =)

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terça-feira, 5 de abril de 2011

O que é que tem nas entrelinhas


Quiçá, pelo menos, Deus me entende: Às vezes sou meio moça; às vezes metade gente.



Minha alma é assim: meio criança, meio adulta. Na certa, tive algum problema de nascença. Não é que eu tenha corpo de menina e alma de mulher, muito menos o contrário. Tenho é pressa mesmo.


Comecei a ler aos quatro anos, enquanto meus coleguinhas só leram aos seis. Lembro-me bem de ter que ficar imitando-os, lendo a uma velocidade de lesma. Tinha vontade mesmo era de ler como se estivesse falando com alguém. E não parei por aí. Aos 10 anos, fiquei menstruada pela primeira vez e decidi que já era grande demais para brincar de bonecas. Comecei a dar aulas particulares aos dezesseis e agora, aos dezenove, já estou engatando minha terceira contratação formal.


Minha mãe diz que eu sou “precoce”. Prefiro, porém, “ansiosa”. Minha avó diz que sou mandona. De acordo com ela, meu segundo dedo do meu pé é maior que o dedão. E não é mentira: se não consigo controlar a minha vida e a dos que me cercam, perco a cabeça. Tenho mania de mandar até no tempo. Não sei porquê, mas tenho a impressão de que meu futuro vai ser bem melhor que o presente. Tento, então, alcançá-lo. Tenho pressa de ser feliz. O que não parei para pensar até agora é que eu estou feliz. E agora não é o futuro.



Às vezes eu tento assumir a postura de uma adulta, mas só tenho dezenove anos. Acho que tenho sido muito dura comigo mesma: Não consigo ser adulta o tempo todo.



É bom olhar no espelho e medir a cintura com as mãos, certificando-me de que "ainda está tudo certo por aqui".


Não adianta querer ser Líliam e ter corpo de Carol, mente de Alfredo e humor de Khaled. Acho que eu devo colocar na minha cabeça que ter a minha idade não é nenhuma vergonha. E que ainda vou sentir saudade de poder agir como adolescente. Aliás, ultimamente tenho agido como uma. Já me acostumei tanto à carapaça de “mulher de negócios” que me sinto ridícula fazendo isso. Mas não é isso mesmo o que eu sou? Então deixa fazer piadinha idiota, falar o que não deve, lançar mão de Love games... Vou continuar pintando as unhas com as cores "da moda" e trocar o salto pela rasteirinha. Afinal:



O fato de eu ser atleticana não me impede de gostar de futebol.

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