terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Me, myself and I



Hedonismo. Palavra bonitinha, essa. Adoro palavra bonita.



Já me deparei antes com ela. Sorrateira e despretensiosamente, lógico. Mas nunca havia tido interesse em desmembrar o real significado dela (o que, para uma letrista linda como eu, é quase um pecado). Hoje tive.

Segundo a Wikipédia (rs), o "Hedonismo" surgiu na Grécia, e se fundamenta no princípio de que “o prazer é o maior bem da vida humana”. Teoricamente, é uma coisa linda. O problema é que esse conceito bonito foi sendo distorcido ao longo dos anos, e virou uma coisa muito feia. Originalmente, no entanto, o “prazer” nessa doutrina tem mais a ver com felicidade do que com quantas mulheres você dormiu na semana passada.

Um dia, conheci uma pessoa que enchia a boca para dizer que era hedonista. E olha que essa pessoa tinha uma boca enoooorme.
Eu achava a palavra muito bonitinha, e como quem falava sobre ela me parecia igualmente “bonitinho”, não me importei com seu significado. Apenas ouvi com atenção o que ele dizia e utilizei aquela válvula de escape contra a ignorância: “Na dúvida, sorria”. Sempre funciona. Dava aquelas risadinhas de "vamos mudar de assunto" e pronto. Na minha santa estupidez, convivi com o hedonismo, achando ele tão lindo e sexy quanto seu dono. E descobri que, assim como aquele que enchia a boca para falar, o hedonismo era “bonitinho, mas ordinário”.

Não me sinto completamente à vontade para falar em hedonismo, já que sou (ou era) praticamente leiga no assunto. E também tenho medo de estar julgando mal os princípios de alguém. Mas o negócio é o seguinte: só me lembrei dessa palavra quando a vi escrita (com um conceito bastante razoável) no perfil do Facebook de um amigo meu. A frase era a seguinte:

"Se você joga limpo, não é galinhagem, é hedonismo. Só não vale o cara ser hedonista e a mulher monogâmica".

Então, o primeiro conceito que obtive acerca da palavra em estudo era “jogo limpo”. Certo. Corri para o dicionário e li: “Hedonismo: Tendência a considerar que o prazer individual e imediato é a finalidade da vida”. E a coisa começou a piorar. Por último, cheguei a ler no Wikipédia que a palavra adquiriu o sentido pejorativo de “uma atitude voltada para a busca egoísta de prazeres materiais”. Rá.
Nunca achei egoísmo uma coisa bonita. Não posso ser hipócrita ao ponto de dizer que nunca tranquei a porta do meu quarto para comer o meu pacote de Cheetos sozinha, mas também não sou ridícula a ponto de sucumbir os desejos dos outros, julgando o meu mais importante. Ser hedonista pode ser simplesmente "gozar tudo o que a vida lhe oferece de bom", pode ser "viver o agora", pode ser "eu não estou feliz, eu SOU feliz"... Mas também pode ser um sinceríssimo "Não estou nem fodendo para os outros". E isso é triste. O humilde aceita sua condição, e por isso é acarinhado sempre que pede. O hedonista, não. O hedonista é, além de tudo, orgulhoso. É tão egoísta que não compartilha nem os maus sentimentos. É tão ensimesmado que se dá o direito de ser irônico. É tão solitário que nem um humilde é capaz de consertá-lo. Ou talvez tudo o que eu escrevi nesse parágrafo seja uma tremenda baboseira, e talvez eu esteja errada sobre ser hedonista. E de certa forma talvez até eu mesma seja. Quando penso em "amar mais a mim mesma do que ao outro", talvez eu seja bem hedonista.
Enquanto comentava toda essa história com meu humorista-amigo-conselheiro Gabriel, ele discutia comigo esse controverso “estilo de vida”. Aí então reparei que nenhum hedonista se torna de uma hora para outra um "sujeitinho podre". O hedonista de verdade é o que é. Só muda de ares quando os ventos sopram a seu favor. O prazer acabou? Então a delicadeza também. E o hedonista sem prazer volta a fazer aquela pirracinha de menino birrento que não ganhou o que queria de presente de Natal.
Comentei com meu humorista-amigo-conselheiro-crítico Gabriel, que talvez eu tenha sido vítima de um crime hedonista. Ele preferiu dizer que fui vítima de um crime "hediondo". Comecei a achar, então, a palavra “Hediondo” mais bonita (e sincera) do que “Hedonismo”.
Como diria Liz Gilbert, cada um tem a sua palavra. A dela é “Attraversiamo”. A do bonitinho, “Hedonista”, “hediondo”, ou “hipócrita” talvez. A minha eu ainda não descobri. Mas posso adotar algo como “falastrona” ou “gargalhenta”, ao invés das antigas “submissa” e “otária”. E “chorona-anormal”, como alguns me diziam.
P.s.: Quantas vezes eu escrevi a palavra "Hedonismo" e seus derivados nesse post? Hahaha, era só para enfatizar.

1 comentários:

Anônimo disse...

Hedonista que eu aprendi era o sujeito que vive em função dos prazeres. Hedonismo pode ser uma coisa boa ou má, depende do ponto de vista. Mas acho que a palavra que você quis dizer nesse texto era luxúria. Quando li : "atitude voltada para a busca egoísta de prazeres materiais" tive certeza disso porque essa é exatamente a definição da luxúria.

4 de janeiro de 2011 às 20:15

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